Bangu Atlético Clube: sua história e suas glórias

1947 - A inauguração do estádio

Texto e pesquisa: Carlos Molinari
Foto: Grêmio Literário José Mauro de Vasconcelos
festa de inauguração do estádio
Uma multidão de banguenses acompanhou a festa de inauguração do estádio, situado na Rua Sul-América

O acontecimento mais importante da história do Bangu na década de 40 foi a inauguração, em 15 de novembro de 1947, de seu novo estádio, construído pela Companhia, recebeu o nome de Estádio Proletário Guilherme da Silveira Filho. Com a construção do estádio ganharam o clube e a fábrica, que recuperou uma área valorizada, bem no centro do bairro, ocupada até então pelo antigo campo.

O dia 15 de novembro foi de festa em Bangu. Uma alegria que não se via desde o título de 1933. Logo às 5 horas da manhã, uma salva de 21 tiros em homenagem aos Drs. Guilherme da Silveira e Guilherme da Silveira Filho acordou a população.

Foto: Grêmio Literário José Mauro de Vasconcelos
Os irmãos Eduardo e Vivi
Os irmãos Eduardo e Vivi se despedem do campo da Rua Ferrer no dia 15 de novembro de 1947

Às 13:30h, iniciou-se no campo da Rua Ferrer uma partida de futebol entre duas equipes de veteranos do Bangu. Meia hora depois foi a vez do Dr. Guilherme Pastor proferir suas belas palavras, falando sobre as tradições e as glórias do campo e conseqüentemente, do clube. Em seguida, foram retiradas as balisas e arriada a bandeira do Pavilhão pelo Sr. Targino Antônio da Guia, pai dos craques Luiz Antônio, Ladislau, Médio e Domingos.

Depois, foi organizado o desfile rumo ao novo campo, com a participação de diversos ciclistas, banda de música, diretores do Bangu, sócios, veteranos, times infantis, associados de outras agremiações do bairro (como o Casino Bangu, Prazer das Morenas, Ceres), e toda a população banguense que quisesse seguir o cortejo.

Saindo da Av. Cônego de Vasconcelos, passando pela Estação de trem, pela Estrada de Santa Cruz, pela passagem de nível da Rua 12 de Fevereiro, e pela Av. 230 (hoje Av. Ribeiro Dantas) até chegar ao Estádio.

No momento que o desfile chegou ao mais novo campo do Rio de Janeiro, foram hasteadas as bandeiras do Brasil e do Bangu ao som do hino nacional. Realizou-se uma missa proferida pelo conhecidíssimo Padre Santa Rosa.

Fechando o evento, o Dr. Miguel Pedro, presidente do Bangu em 1935 e 1936, fez um discurso ressaltando a importância da família Silveira para o clube, para o bairro, para a fábrica e para a população.

No fim, jogou-se o 2º tempo da partida dos veteranos, que começaram jogando na Rua Ferrer e terminaram inaugurando o novo estádio, com mais 20 minutos do seu futebol inesquecível.

Foto: Grêmio Literário José Mauro de Vasconcelos
Inauguração do Estádio Proletário
Inauguração do Estádio Proletário no dia da proclamação da República

No início do ano, o Dr. Silveirinha foi eleito pela sexta vez consecutiva, novamente por aclamação dos membros do Conselho Deliberativo, presidente do Bangu.

Em termos de futebol profissional, o ano de 1947 foi desastroso. Sem poder jogar em Bangu, a equipe se arrastou tanto no Torneio Muncipal quanto no Campeonato Carioca.

Chegou-se a especular no retorno de Domingos da Guia, já com 35 anos, mas o Bangu não teve como contratá-lo.

Por isso, a equipe trazia como atletas profissionais os seguintes jogadores:

Goleiros: Orlando, Pedrinho e Rossani
Defensores: Bilulu, Italiano, Madeira, Marmorato, Nogueira e Silva
Médios: Ayala, Brito (1), Eduardo, Ilaim (1), Ivan, Januário (2), Mineiro, Sula (2) e Wilson
Atacantes: Anésio (1), Antero (2), Calixto (9), Cardoso (6), Menezes (2), Moacir Bueno (20), Newland (6), Sonô (8) e Ubirajara (2).
* O número entre parêntesis indica o número de gols do jogador no ano de 1947.

No Torneio Municipal, o turno neutro do Campeonato Carioca, a equipe somou apenas 2 pontos em 10 jogos, obtidos na suada vitória sobre o Olaria, em 1º de junho, em Conselheiro Galvão, por 3 a 2.

Jogando desde 1944 em campos emprestados, o Bangu amargava péssimas temporadas. Não era questão de culpar apenas os jogadores, sem poderem jogar no alçapão da Rua Ferrer, o alvirrubro mostrou ser uma equipe frágil.

Quem bem demonstrou a importância do "estadinho" da Rua Ferrer foi Castor de Andrade, em um depoimento colhido em 1989 sobre a evolução do bairro e a saudade dos bons tempos de Bangu, o futuro Patrono foi bastante preciso: "O Bangu tinha torcida. Uma torcida bairrista que não dava sossego aos adversários. Eu me lembro que meu pai me mandava - eu guri de 13, 14 anos - comprar fogos em Nilópolis para festejar as vitórias do time no estadinho da Rua Ferrer. E cada jogo era uma festa, as arquibancadas lotadas, moças, rapazes, famílias inteiras torcendo para o Bangu. Àquela gente toda amava Bangu. Depois, evidentemente, com o crescimento da localidade, esse espírito bairrista acabou."

No Campeonato Carioca, a equipe estreou contra o Botafogo no dia 3 de agosto, em São Januário, sendo derrotada por 4 a 1.

Passaram-se mais três jogos até o Bangu vencer a sua primeira partida. Após perder para o Vasco (1 a 4), Bonsucesso (1 a 2) e Fluminense (0 a 4), os "Mulatinhos Rosados" venceram o Madureira, em Conselheiro Galvão, no dia 24 de agosto, por 4 a 3, obtendo seus dois primeiros pontos.

Ainda no 1º turno, a equipe perdeu para o América (1 a 2), foi arrasado pelo Olaria (3 a 8), conseguir empatar com o São Cristóvão (4 a 4) e alcançou o seu melhor resultado goleando o Canto do Rio, na Rua Figueira de Melo, por 8 a 1, no dia 5 de outubro. Pode parecer ironia, mas o mesmo resultado histórico de 8 a 1 se repetiu uma semana depois, porém contra o alvirubro: o Flamengo, jogando em casa, vingou a equipe de Niterói.

No returno, os resultados praticamente foram os mesmos. Sem conseguir ameaçar os grandes e somando alguns pontos contra as pequenas associações. Foi assim, por exemplo, quando vencemos o Bonsucesso, na Rua Teixeira de Melo, por 7 a 1, em 30 de novembro; e quando vencemos, pela segunda vez, o Canto do Rio, agora jogando em Caio Martins, por 6 a 4, no dia 21 de dezembro.

Na classificação final, obtivemos a nona posição entre os 11 clubes participantes, somando 10 pontos em 20 jogos. O que restava ao torcedor banguense era esperar o ano seguinte, onde o time atuaria em seu próprio estádio.


Diretoria - Biênio 1947 / 1948

Presidente

Dr. Guilherme da Silveira Filho

Vice-Presidente de Patrimônio

Dr. Eugênio Barbosa Paixão

Vice-Presidente Social

Dr. Guilherme Pastor

Vice-Presidente de Finanças

Antônio Guedes Valente

Vice-Presidente de Esportes

Dr. Gustavo Araújo Martins

Secretário Geral

Raymundo Walter Moreira Sisnando

1º Secretário

José Carlos Desterro

2º Secretário

Aloísio Destri

Tesoureiro Geral

Dr. José Ramos Penedo

1º Tesoureiro

José Jorge Leite

2º Tesoureiro

Azurém Destri

Diretor de Patrimônio

Arthur Ferreira Pinto

Diretor Social

Zacharias Miguel

Diretor de Esportes

Ayres de Souza

Comissão de Finanças

Dr. Miguel José Pedro, Vicente Jaconianni e João Rodrigues Reis