Ninguém quer largar o osso
Texto: José Trajano
Fonte: Lance! (Papo com o Trajano), 10/07/2003.
Somos bobos, mas persistentes. Porque não dá para se calar diante das eleições na Federação do Estado do Rio e na CBF. Até quando, meu Deus, assistiremos a esta gente no poder?
O “intelectual” Caixa D’Água está no cargo há 18 anos e tenta mais quatro. O “fazendeiro” Ricardo Teixeira se mantém no comando há 14 anos e pode conseguir agora mais cinco anos.
A democracia pressupoe alternância no poder, como lembrou Marcelo Damato na coluna de ontem. A rotatividade deveria ser obrigatória. E também concordo que deveria haver um limite de mandatos dos dirigentes. Ora, se há um limite para o presidente da República, que só pode se reeleger uma vez, por que não tem para esse pessoal?
A boca deve ser muito boa, porque ninguém quer largar o osso. Chega a ser cômica a maneira como fazem tudo para se perpetuarem no poder. Para conseguir seu quinto mandato, Ricardo Teixeira frauda, como diz a oposição, o colégio eleitoral e desrespeita a Lei Pelé e o novo Código Civil.
Mesmo assim, como um trator, ele passou por cima das liminares e ações judiciais que tentaram anular a eleição.
O que nos cabe, como críticos de futebol, é continuar na batalha. Não desanimar. Um dia a casa cai e aí, sim, iremos comemorar. Se eles são tinhosos, nós também somos. E temos do nosso lado a maioria dos homens de bem deste país.
Que a farra do boi dos dirigentes foi na aprazível Barra da Tijuca, onde a CBF construiu a nova sede. Houve churrasco, banho de mar, de piscina, discursos inflamados a favor de Teixeira. Quer saber de uma coisa? Eles se merecem. Azar o deles. Sorte nossa!