Bangu Atlético Clube: sua história e suas glórias

Luz vermelha sobre a Guanabara

Texto: Juca Kfouri.
Fonte: Coluna Papo com o Juca, publicada no Jornal Lance!, em 21/03/2004.

A rodada de hoje na Taça Rio está sob suspeita.

E nada tem a ver com o episódio policial que aterrissou na federação do Caixa D'Água na última sexta-feira.

Mas tem a ver com a já exaustivamente discutida mudança da partida entre Fluminense (com os reservas num jogo que interessa a outro clube) e Americano, para Moça Bonita, e com o clássico dos centenários desesperados, América x Bangu.

Caixa D'Água não gosta de Giulite Coutinho, que encarna o América, e tem como seu vice na Ferj o presidente de honra do Bangu. Os americanos estão apavorados, pedindo que as emissoras de TV cubram o jogo em Edson Passos, pois temem que venham a ser prejudicados.

É claro que a campanha do América é fraca, mas o receio em relação a fatores extra-campo se justifica pelos métodos do presidente da Ferj, que continua a dominar o tribunal de justiça e a atemorizar os árbitros, segundo os relatos mais desinteressados.

Mesmo doente e submetendo-se a uma sessão de hemodiálise por dia, Caixa D'Água segue fiel aos seu estilo coronelista e à máxima "só saio daqui quando quiser" – e nada indica que um dia queira, ao contrário.

Entre um "a nível de" para cá e outro "a nível de" para lá, o intelectual Caixa D'Água ainda acha tempo para atacar o técnico Levir Culpi, voz solitária entre os treinadores contra os desmandos da cartolagem predatória.

E olhe que Caixa D'Água é o grande mentor político de ninguém menos que o presidente da CBF, com o que muita coisa se explica e quase nada se justifica.

Se não bastasse, em franco desafio ao Estatuto do Torcedor, o cartola acena com mudanças no regulamento do próximo campeonato estadual, certo de que contará com a impunidade, filha da falta de apetite dos que devem fiscalizar seu cumprimento, aí incluídos o ministério dos Esportes, os clubes filiados à Ferj e os torcedores, acomodados e descrentes de tudo e de todos.

Graças a um bom plano de marketing, a Taça Guanabara monopolizou as atenções do país no começo da temporada.

Agora, quando os estaduais começam a se aproximar do final, o que volta é a velha sensação de que tudo está como sempre esteve.