A Domingada
Texto: Luiz Mendes.
Fonte: Coluna Histórias da Bola, publicada no Jornal dos Sports, em 30/03/2006.

Quando o zagueiro Santiago, do América, quis dar um drible e perdeu a bola, o Americano fez um gol. Naquele momento o comentarista Sérgio Noronha, que participava da transmissão daTV Globo, disse que o zagueiro havia feito uma “domingada”.
Nosso competente Sérgio estava resgatando um termo do futebol que era muito usado, tempo atrás, quando um dos componentes da zaga tentava driblar dentro de sua área e complicava. Por que “domingada”?
É que o primeiro beque brasileiro a driblar na sua grande área foi o grande e incomparável Domingos da Guia (foto). Fazia isso em todos os jogos e depois de se livrar do adversário não dava chutões, saia jogando, armando o jogo de trás. Tudo com finura, com a elegância de um dançarino.
Quando os outros queriam imitá-lo se davam mal, inventaram que o cara havia feito uma "domingada". Se dava certo ninguém dizia nada. Então a "domingada" passou a ser, digamos, pejorativa. A meu ver isso não fez justiça ao maior zagueiro de todos os tempos. Mas ficou. Depois pararam de usar o termo.
Agora, pela pixotada de Santiago, voltou à tona por conta de "seu" Nonô. Depois de Domingos da Guia, outros zagueiros driblavam na área e saiam jogando com naturalidade. Vi alguns — Nilton Santos, Airton "pavilhão", que jogava pelo Grêmio, Oscar Basso, que atuou pelo Botafogo em 1950, Figueroa, Carlos Alberto Torres, Sebastião Leônidas, Roberto Perfumo, Luiz Luz, todos dignos seguidores de Domingos da Guia.
É uma jogada perigosa mas de grande efeito visual quando é executada com a precisão do seu criador.