Bangu Atlético Clube: sua história e suas glórias

Bangu não espera êxitos imediatos

Fonte: Jornal do Brasil, de 2 de janeiro de 1980

Títulos a curto prazo é impossível conseguir. Por isso, ao assumir a presidência do Bangu na próxima quarta-feira, Antenor Corrêa Filho, em seu discurso de posse, prometerá apenas o início do trabalho para a formação de uma grande equipe de futebol, e que num futuro bem próximo ninguém mais falará com saudades do time campeão de 1966.

Com Castor de Andrade de volta ao futebol do Bangu, a meta de Antenor Corrêa Filho, o Antenorzinho, dificilmente deixará de ser alcançada. Na agenda do velho e esperto dirigente estão os nomes de quatro jogadores a serem contratados e de um treinador. Em 1980, o Bangu partirá firme para a armação de uma equipe pelo menos razoável. Um time que venda caro suas derrotas e que seja respeitada pelos de maior expressão.

- Se disser que vou formar, logo de cara, um grande time, ninguém me levará a sério e reconheço que isso será impossível. Mas posso adiantar que nosso departamento de futebol conseguirá em pouco tempo formar um time competitivo. O novo Bangu será diferente. Os títulos virão em breve. Para isso, daremos total apoio às divisões inferiores para que possamos formar nossos craques. Hoje em dia ninguém consegue comprar grandes jogadores, mas pode-se muito bem formá-los e o Bangu tem know how disso. Esse é o caminho a seguir. Se bem que contrataremos alguns reforços para esta temporada. Reforços suficientes para dar mais vida ao time e disputar condignamente um campeonato. Os títulos virão com o prosseguimento do nosso trabalho - diz Antenorzinho.

A maior preocupação do novo conselho diretor do clube está em recuperar o estádio de Moça Bonita, bem como o gramado.

- Deixaremos o estádio de Moça Bonita em perfeitas condições de uso. Terá capacidade para 40 mil pessoas e qualquer time grande terá prazer de jogar lá. Não haverá reclamações quanto a segurança, conforto para os jogadores e público e todos os jogadores terão gosto de jogar no nosso gramado. Ele só será usado pelos profissionais. Os juvenis e demais departamentos de divisões inferiores treinarão na Vila Hípica e no Ceres.

Antenorzinho não está preocupado com o acesso e descenso. Está tranquilo quanto a situação do Bangu. Para ele, o importante é conscientizar o torcedor para a importância desses jogos. Acha necessário uma total divulgação sobre as demais divisões.

- Na Itália, Portugal e Inglaterra, além de vários outros países, o futebol é dividido em divisões e todos os clubes vivem bem.

Acho apenas que torna-se necessário dar uma chance para todos, fazendo as divisões de categoria, após a próxima temporada. A segunda divisão não é humilhação para ninguém, mas temos direito de lutar por uma vaga na primeira. Tanto o Nacional quanto o regional podem ser disputados em divisões. Estamos prontos para enfrentar qualquer parada. O novo Bangu não tem medo de nada.

Voltando a falar sobre as divisões juvenis e infanto-juvenil, Antenorzinho assegura que nela o Bangu saberá como descobrir novos Jorge Mendonça, Paulo Borges, Parada e Zózimo, entre muitos outros.

- Só tem um negócio. Vou marcar uma reunião com os pais dos garotos e eles terão que assinar um compromisso com o clube. Daremos total assistência aos meninos, mas depois que despontarem terão que continuar no Bangu. Jorge Menonça é um bom exemplo disso, pelo menos é o mais recente craque. Foi preciso que o Zizinho lhe desse uma série de facilidades, caso contrário teria mudado de clube sem ao menos disputar um jogo pelo time de cima.