Bangu Atlético Clube: sua história e suas glórias

Mauro Galvão: quando a vida boa começa

Um dos maiores zagueiros da história do futebol brasileiro, Mauro Galvão faz 40 anos e segue firme, forte e na ativa. Ele já conquistou 17 títulos na carreira, que começou em 1979

Fonte: Lancenet - 19/12/2001
Texto: Divino Fonseca
Foto: Lancenet
Mauro Galvão

Nesta quarta, 19 de dezembro, Mauro Galvão, zagueiro do Grêmio, faz 40 anos. Um começo e tanto de vida para quem já conquistou 17 títulos na carreira – e quer mais. E quem deveria comemorar é o futebol brasileiro, por ter ainda em atividade um jogador de tamanha categoria – um seguidor da escola dos Nilton Santos, Gamarra, Bobby Moore.

– Acho que vou jogar mais uns dois ou três anos. Mas não sei. Perguntaram isso quando eu tinha 35 anos e eu respondi a mesma coisa – lembra Mauro Galvão, com desprezo por previsões.

O segredo da longevidade? Não bebeu, não fumou, dormiu cedo, treinou, e, principalmente, nunca perdeu o prazer de jogar.

– Eu me senti muito mal no Vasco, em 2000, com aquela briga entre o Romário e o Edmundo. Se eu pudesse voltar no tempo, rescindiria o contrato e iria embora – afirma Galvão, ao relembrar o único episódio amargo das 23 temporadas que viveu como profissional.

Por isso, garante: quando não se sentir satisfeito com o próprio desempenho, quando o prazer sumir, deixa tudo e entra para um curso de técnico, possivelmente em Lugano, na Suíça, onde jogou de 1990 a 96.

O Grêmio, é certo, renovará seu contrato, em fevereiro. Mauro Galvão será figura fundamental para a realização do sonho do Tricolor de ganhar a Libertadores e voltar a Tóquio, onde já esteve em 1983 e 95.

– Ele é um jogador tão valioso, que pretendemos usá-lo apenas uma vez por semana, para evitar um desgaste maior – diz o técnico Tite.

Galvão respeita: diz que o Grêmio tem que pensar no melhor para o próprio Grêmio. Mas visivelmente não gosta da idéia. Recorda que, no primeiro semestre deste ano, atuou em todas as 35 partidas.

– Quem está bem deve continuar.

Ele percebe que crescem as especulações sobre seus limites. Em outras palavras: muitos gremistas acham que ele já deu o que tinha que dar. Mas Galvão não se abala. Deduz que essa imagem decorre de um segundo semestre ingrato, durante o qual praticamente não jogou. Uma inflamação no tendão-de-aquiles levou três meses para ser curada; na volta, a longa inatividade causou-lhe uma distensão muscular. Apesar disso, segue firme, forte e na ativa.

O futebol brasileiro agradece.

Momentos inesquecíveis de Mauro Galvão

No Bangu - Aos 25 anos, Mauro Galvão vai para o Bangu, do bicheiro Castor de Andrade.

- Eu nunca tinha imaginado sair de Porto Alegre. Deixei minha esposa com os pais dela e fui para o Rio. De tão preocupado, eu nem dormia – relata.

Sobre o clube carioca e a relação com o bicheiro, Mauro conta uma história
curiosa:

– O Bangu foi o único clube em que recebi bicho “ao vivo e a cores”. Nos outros, depositam na conta. Depois das vitórias, a gente fazia fila na frente da sala do Castor de Andrade. Ele abria uma maleta e ia distribuindo a grana. Nunca mais vi daquilo.