Vergonha no Maracanã
Juiz erra e tira o Bangu da final
Fonte: O Globo On Line (Fábio Juppa)

No dia em que completava 52 anos, o Maracanã merecia uma festa digna, com belas jogadas e, se possível, gols que celebrassem com louvor o aniversário do palco mais nobre do futebol brasileiro. Fluminense e Bangu, que disputavam uma das semifinais do Campeonato Estadual, não conseguiram nem uma coisa nem outra. Aliás, o Bangu, que precisava da vitória para chegar à final, até conseguiu. Aos 14 minutos do segundo tempo da prorrogação - nos 90 minutos a partida terminou 0 a 0 - o goleiro Eduardo marcou, de cabeça, o gol que garantiria a classificação. O juiz Reinaldo Ribas, porém, anulou o lance, alegando mão inexistente do goleiro e estragou de vez a tarde festiva.
Após a anulação do gol, os jogadores do Bangu cercaram o árbitro e tentaram agredi-lo. O goleiro Eduardo, o zagueiro Cleberson e o cabeça-de-área Hélder foram expulsos. A partir daí, teve início uma grande confusão que fez lembrar a final do Estadual de 1985. Naquela ocasião, o juiz José Roberto Wright ignorou um pênalti claro do zagueiro tricolor Vica em Cláudio Adão, aos 44 minutos do segundo tempo. O título ficou com o Fluminense, que venceu o Bangu por 2 a 1, e Wright teve de deixar o estádio protegido pela polícia.
Vídeo do Bangu mostra que gol de Eduardo foi legítimo
Ontem, quando os ânimos se acalmaram, o presidente do Bangu, Rubens Lopes, ordenou que a equipe se retirasse de campo, embora ainda faltasse um minuto para o fim da prorrogação. O juiz Reinaldo Ribas, então, esperou 30 minutos e, como a equipe de Moça Bonita não retornou, o árbitro decretou o fim da partida. Os acontecimentos serão relatados na súmula, que Ribas tem de entregar até esta tarde na Federação do Rio.
Desde ontem à noite, os advogados do Bangu estudam uma maneira de evitar a realização da primeira partida da final do Estadual, confirmada para quarta-feira, às 20h30m, no Maracanã, entre Fluminense e Americano - que venceu o Friburguense na outra semifinal por 1 a 0. Para isso, eles contam com um vídeo do jogo gravado por uma equipe contratada pela diretoria do clube, no qual fica claro que o gol de Eduardo foi de cabeça.
A idéia do presidente Rubens Lopes é apresentar o vídeo no Tribunal de Justiça Desportiva (TJD) da Ferj, embora ele mesmo esteja convicto de que o resultado da partida não será modificado:
- Isso nunca aconteceu no Rio e não vai ser agora que acontecerá. Este juiz tinha, sim, que ter a hombridade de reconhecer o erro. Só isso.
O presidente tricolor, David Fischel, também parece estar certo de que o resultado da partida não será modificado. No vestiário do time, após a partida, ele foi enfático:
- O TJD tem de referendar o jogo, porque ele não acabou. Não tenho nenhum receio do que possa acontecer. Fitas não têm valor jurídico e não será agora que vão ter.
Diante de um público de 14.504 torcedores - a maioria absoluta de tricolores - o Fluminense entrou em campo podendo empatar tanto no tempo normal quanto na prorrogação. Escalado com três cabeças-de-área pelo técnico Robertinho, o time jogava em contra-ataques e praticamente não ameaçou o gol do Bangu no primeiro tempo."
Só podia dar nisso
Em jogo tumultuado, com cinco expulsões, Bangu é garfado e Flu garante vaga na final com o Americano
Fonte: O Dia On Line (Marco Senna)

Ironia do destino ou não, o Bangu foi mais uma vez 'garfado' num jogo decisivo contra o Fluminense. Ontem, no Maracanã, o time de Moça Bonita teve um gol anulado indevidamente pelo árbitro Reinaldo Ribas, no último minuto da prorrogação, erro que deu ao Tricolor a classificação para a final do 'Caixão-2002', contra o Americano, que venceu o Friburguense, na outra semifinal, por 1 a 0, no Caio Martins.
O juiz alegou que o gol do goleiro Eduardo, que, no desespero, aventurou-se como atacante e deu sorte, teria sido feito com a mão. Mas o teipe do lance mostrou que o gol foi feito de cabeça. Portanto, legal.
A decisão desencadeou a revolta dos banguenses, que cercaram o árbitro, cuja integridade física esteve muito ameaçada - não foi agredido graças à interferência de policiais. Três jogadores do Bangu foram expulsos na confusão (Eduardo, Helder e Cléberson) e o presidente Rubens Lopes decidiu retirar sua equipe de campo. Ele anunciou que apelará ao TJD para tentar anular o jogo.
Mas o Bangu corre contra o tempo, pois o primeiro confronto entre os finalistas, Fluminense e Americano, está marcado já para quarta-feira, às 20h30, no Maracanã (a segunda partida será domingo, às 17h, no mesmo local).
O episódio fez voltar à cabeça dos banguenses o duelo com o mesmo Fluminense, em 85, quando o árbitro José Roberto Wright não deu um pênalti claro de Vica em Cláudio Adão, numa partida também decisiva.
Num jogo sofrível, em que o Tricolor tinha a vantagem do empate nos 90 minutos e na prorrogação, a equipe das Laranjeiras 'cozinhou' a partida, numa clara demonstração de que entrara em campo para empatar. Já o Bangu foi sempre mais perigoso, buscando o gol a todo o instante. Sua persistência acabaria sendo premiada no último minuto da prorrogação, mas Reinaldo Ribas resolveu estragar tudo. Depois de alegar que Eduardo tocara na bola com a mão, o árbitro disse que o goleiro havia empurrado seu marcador. Uma injustiça com o Bangu, o legítimo classificado.
Eduardo: "O árbitro não sabe nada"
Fonte: Jornal dos Sports

Um clima de revolta tomou conta do vestiário do Bangu, sobretudo depois que as imagens gravadas por um funcionário do departamento de futebol do clube foram exibidas e houve a confirmação de que o gol marcado pelo goleiro Eduardo foi legítimo.
"O árbitro não sabe nem o que marcou. Primeiro ele disse que eu fiz o gol com a mão, depois ele voltou atrás e marcou falta de ataque. Não houve nem uma coisa nem outra. Levei joelhada nas costas, a bola bateu na minha cabeça e entrou", explicou.
Duro mesmo foi conseguir esquecer o lance que tirou o Bangu das finais do Supersupercampeonato Estadual, contra o Americano. Eduardo estava visivelmente chateado, mas, ao contrário dos dirigentes, não acreditava numa possível armação.
"Prefiro não acreditar nisso, senão acabarei encerrando a carreira. Já vi coisas estranhas acontecerem contra clubes de menor expressão, mas é difícil aceitar isso. Quero acreditar que foi apenas outro erro de arbitragem", completou o goleiro.
A preocupação agora é com o que o árbitro Reinaldo Ribas relatará na súmula. "Ficou claro que o objetivo dele era ajudar o Fluminense, porque quatro de nossos jogadores foram expulsos. Ele deve inventar uma série de outras coisas, como agressão, para tentar justificar o erro terrível que cometeu", acusou o presidente do Bangu, Rubens Lopes.
Carreira de Ribas está ameaçada

A diretoria do Bangu sabe que mudar o resultado do jogo de ontem é quase impossível. No entanto, baseado nas imagens feitas por um funcionário do clube, o presidente Rubens Lopes está disposto a entrar com um recurso na CBF contra o árbitro Reinaldo Ribas, que, segundo ele, prejudicou seu time.
"É difícil acontecer alguma coisa, mas vamos tentar encerrar a carreira desse árbitro. Ele não tem condições nem para apitar pelada no aterro do Flamengo", queixou-se o dirigente.
LEIA:
. Mensagens dos torcedores
. Carta do Presidente do Bangu
. Ficha técnica e notícias do jogo
OUÇA:
Gol anulado do goleiro Eduardo e depoimento do repórter Wagner Menezes (Rádio Tupi)
VEJA:
Gol injustamente anulado do Bangu