Semifinal que vale por uma vitória
Fonte: Jornal O Globo - Bairros: Zona Oeste, 02/02/2003
Repórter: Cláudio Motta

Quando o Bangu Atlético Clube entrar em campo hoje para enfrentar o Volta Redonda, às 17h, em Moça Bonita, seus dirigentes estarão com um olho no gramado e outro na arquibancada. O clube espera muito do departamento de futebol e dos torcedores para voltar a ter força. A meta é se classificar para as semifinais do Estadual, conquistando nova cota de televisionamento (R$ 200 mil) que garantirá a tranqüilidade no orçamento, chegando a 2004, ano do centenário, em situação melhor.
Com as finanças equilibradas, o clube pretende atrair sócios e investir na infra-estrutura. Caso o time não se acerte em campo, será necessário vender os jogadores para pagar as contas. Só o departamento de futebol recebe em dia. O clube investe em categorias de base tanto para reforçar seus próprios times quanto para negociar atletas.
Rubens Lopes deixou a presidência para assumir a vice-presidência de coordenação-geral da federação (Ferj). Em seu lugar, João Paulo Giancristoforo comandará o Bangu, estando à frente no centenário, em 17 de abril de 2004.
— Vou dar continuação ao trabalho dos outros presidentes. Nosso maior objetivo é fazer o clube crescer. Para isso, precisamos de mais sócios e receita. O Bangu deve ter 500 sócios pagantes, pouco para tanta tradição. Uma das nossas estratégias é usar o centenário para mobilizar os torcedores — diz Giancristoforo.
Outro exemplo do aumento da força política está no Tribunal de Justiça Desportiva, presidido pelo Sérgio Saraiva, ex-presidente do Bangu.
O clube precisa investir mas não tem dinheiro. Por isso, conta com parceiros como o fenômeno Ronaldinho, que empresta sua marca; empresas de marketing esportivo, que negociam jogadores; e da prefeitura, que reformará a sua sede social.
O Estádio Proletário Guilherme da Silveira, com capacidade para 15 mil torcedores, seria modernizado para abrigar o Pan 2007 mas a prefeitura preferiu construir outro, no Engenho de Dentro.
A situação do clube
ORÇAMENTO: O clube fez um planejamento de 90 dias (janeiro, fevereiro e março) contando com a cota inicial de TV do Campeonato Estadual (R$ 170 mil), bilheteria e cota da Copa do Brasil, ainda não divulgada.
COTA EXTRA: Para equilibrar as contas, o clube precisa chegar às semifinais do campeonato estadual e garantir nova cota de TV, de R$ 200 mil.
JOGADORES: O clube tem 27 jogadores; 15 deles vieram das categorias de base.
Clube se prepara para centenário

O Bangu já está se preparando para comemorar o seu centenário, que será completado no dia 17 de abril de 2004. A logomarca comemorativa foi aprovada pelo conselho deliberativo por unanimidade no mês passado e leva a assinatura de Clécio Régis.
Ainda não há um calendário oficial de eventos mas a expectativa é de que a data seja marcada por uniformes, livro, selo, flâmula, distintivos, chaveiros, medalhas, diplomas, postais, CDs, bonés, documentário, camisetas, bandeiras e coreto no carnaval 2004 (no Largo da Igreja) em homenagem ao clube.
— Sabemos que o clube está em dificuldades financeiras. Por isso, não cobrei nada pelo meu trabalho. A concepção foi do Grêmio Literário José Mauro Vasconcelos. Vamos procurar apoio e patrocínio para garantir a festa — afirma Clécio Régis.
O objetivo é mobilizar o bairro em função do clube, incluindo o Grêmio Literário José Mauro Vasconcelos, que também participará das comemorações.
— Tivemos a idéia de fazer o coreto de carnaval homenageando o clube. Também queremos fazer uma exposição e um baile com a orquestra Tabajara. O Bangu surgiu em função da fábrica e queremos aproveitar as festividades para provar que a primeira bola do Brasil veio para os jardins da empresa — diz Benê Venuto, historiador e presidente do grêmio literário.
Os arquivos do grupo serão fundamentais para que o clube consiga contar a sua história. O livro comemorativo terá a coordenação do ex-presidente Rubens Lopes:
— Deixar a presidência do Bangu às vésperas do centenário é uma prova de que estou desprendido da vaidade. Agora, só ajudarei o clube e escreverei o livro comemorativo. Minha idéia é dar espaço para todos os ex-presidentes. Não sei ainda que forma terá o livro, mas quero mostrar que o clube é um pioneiro e reforçar a sua identificação com o bairro.
Entre as histórias que Lopes pretende recontar, figuram a tentativa de comprovação de que a primeira bola a vir para o Brasil foi para a fábrica. Outro orgulho do clube já foi reconhecido: ser o primeiro a aceitar atletas negros. O ex-presidente ainda enumera outras inovações.
— O Bangu foi o primeiro clube do mundo a usar propaganda na camisa, da Fábrica Bangu. Foi também o primeiro no Brasil a usar propaganda estática no estádio e venceu o primeiro campeonato estadual em 1933 — afirma o ex-presidente do clube.
Outra boa lembrança vai ser a conquista do título estadual de 1966.