Bangu Atlético Clube: sua história e suas glórias

Série C: times do Rio querem sair da sombra

Série C começa nesta quarta-feira e o Rio terá 11 representantes. Eles entram em campo com dificuldades, sonhos e, alguns, com um passado de glórias a honrar

Fonte: O Dia, 14/09/2003
Repórteres: Janir Júnior e José Luiz de Pinho
Foto: Lêo Corrêa (O Dia)
Série C

Deficitária. Pedreira. Jogo de cartas marcadas. Uma luz no fim do túnel. Desorganizada. Problemática. Inflada. Competição de pegada. Incompetência da CBF. Desprestígio. Ilusão. Essas são as 11 definições dos 11 times do Estado do Rio para a Série C do Campeonato Brasileiro que vai começar na tarde de quarta-feira, com vários questionamentos e uma certeza: a árdua luta pela sobrevivência está apenas começando.

Macaé, Goytacaz, Rio Branco, Bangu, América, Friburguense, Cabofriense, Olaria, Americano, Portuguesa e Volta Redonda se juntaram a outros 84 times. Na primeira fase, em confrontos regionais, as equipes se enfrentam em jogos de ida e volta. Os dois melhores de cada grupo se classificam e, na segunda fase, começa o verdadeiro mata-mata.

Os dois únicos times que receberão ajuda financeira da CBF são o Americano e Bangu. Coincidentemente, o time de coração do presidente da Federação de Futebol, Eduardo Viana, o Caixa d’Água, e do seu vice, Rubens Lopes, ex-dirigente do clube de Moça Bonita. A alegação é que ambos já disputaram a Segundona do Brasileiro.

O único encargo da CBF com os demais participantes do estado é com relação ao pagamento dos custos de arbitragem.

De acordo com um termo de responsabilidade assinado por todos os clubes, ficará suspenso por dois anos, de qualquer competição oficial, o clube que abandonar o campeonato, independentemente do motivo.

As inscrições de jogadores são liberadas até a última rodada. A única exigência é que o atleta seja inscrito com, no mínimo, 72 horas de antecedência do início de cada jogo.

Como não haverá transmissão dos jogos pela TV, o temor dos dirigentes, comissão técnica e jogadores é que o campeonato da Terceirona se transforme numa bagunça generalizada, já que o STJD não terá acessos às imagens dos possíveis incidentes que vierem a ocorrer.

Com ou sem imagem, a Série C será uma chance para a CBF não queimar ainda mais o seu filme e mostrar do que é, ou não, capaz de fazer em matéria de organizar uma competição.

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Bangu: sob a bênção de Pitta e Martins

Foto: Lêo Corrêa (O Dia)
Bangu se prepara para mais um treino em Moça Bonita. O Bangu tem uma das melhores estruturas da Série C
Bangu se prepara para mais um treino em Moça Bonita. O Bangu tem uma das melhores estruturas da Série C

O Bangu disputará a Série C ainda sob a bênção, ou melhor, com o patrocínio da empresa Gortin, dos empresários Reinaldo Pitta e Alexandre Martins, que estão presos, acusados de envolvimento no escândalo do Propinoduto. Ronaldo, o Fenômeno – através da R9 – também apóia o clube. Já a Nike fornece o material esportivo.

No elenco, jogadores das divisões de base se misturam a alguns ligados a Pitta e Martins, caso de Marcão, e também a atletas emprestados por outros empresários. O técnico Brasília teve pouco mais de 20 dias para treinar a equipe.

“O time é inexperiente para esse campeonato, que é muito complicado. Porém, seremos competitivos. Além disso, a camisa do Bangu tem peso”, acredita o treinador, que procura não se envolver em questões extracampo: “Não quero nem saber de outros assuntos”.

O ex-presidente do Bangu e atual vice da Federação, Rubens Lopes, define a expectativa quanto à campanha do time na Série C de forma irônica. “É que nem desfile de escola de samba: antes de começar, a gente acha que vai ser campeão. Depois, o sonho acaba, as alegorias são jogadas fora...”, compara Rubinho, que critica de forma veemente a organização do campeonato:

“Deveriam ser apenas dois times do Rio, pois com 11 não tem como fazer um intercâmbio para formar equipes fortes. Além disso, vamos receber uma ajuda de custo, mas até agora não falaram nada de dinheiro. Desde março até hoje estamos esperando o dinheiro da despesa da Copa do Brasil”.

O Bangu vai disputar seus jogos no estádio de Moça Bonita, sempre à tarde, pois, só para acender os refletores, o clube tem de desembolsar R$ 4 mil, o dobro do que o América gasta quando joga à noite, em Édson Passos. A Cabofriense, rival da estréia, encontrará um gramado duro, esburacado e desnivelado. Nos treinos de preparação do time, uma cena se tornou comum: atletas sendo atendidos pelo departamento médico.

Para a primeira partida, o técnico Brasília já tem a equipe definida com Péterson, Leandro, Marvila, Rafael e Sandro; Marcão, Alexandre, Cristiano e Rogério; Rafael Alves e Jéferson. “Esse é o time. Além de técnico, tenho de agir como psicólogo, para fazer com que eles acreditem que são capazes de vencer”, finaliza Brasília.

América: Diabo recorre até a Papai Noel

Foto: Lêo Corrêa (O Dia)
O América terá a mescla da experiência de Jorge Luís (E) com a juventude de Claudinho para chegar lá
O América terá a mescla da experiência de Jorge Luís (E) com a juventude de Claudinho para chegar lá

O América não vive; sobrevive. Com graves problemas financeiros, o clube que completa 99 anos no dia 18 está sem patrocinador, nos últimos dois meses não pagou salários – apenas deu vales para ajudar os jogadores a colocar combustível nos carros – e, antes mesmo de a competição começar, já teme pelo pior: sem ajuda da CBF, o time terá de arcar com hospedagem em hotéis e passagens aéreas caso avance de fase. “Vamos pedir o trenó do Papai Noel emprestado”, brinca o vice-presidente Paulo Amorim.

O dirigente acompanha o dia-a-dia da equipe e revela o que faz com que o América siga em frente: “O problema é o dinheiro. O coração apaixonado é que nos move”.

Mesmo assim, a diretoria conseguiu fazer do Mequinha uma filial do Botafogo. Entre os 23 jogadores do elenco estão Wagner, Jorge Luís, Misso e Felipe – que tem o apelido de Tigrão – todos com passagem pelo Alvinegro. Haroldo e André Ladaga, ex-Vasco, também fazem parte da equipe comandada por Alfredo Sampaio.

Para não inflacionar a folha salarial – que gira em torno de R$ 53 mil, com teto fixado em R$ 3 mil – o clube realizou uma peneira de jogadores profissionais. Entre os 400 concorrentes, apareceram alguns inusitados, como um gerente de banco desempregado com vontade e barriga de sobra, e dois candidatos do interior que não tinham onde dormir, ajudaram a pintar o estádio de Édson Passos e fizeram o teste.

Claudinho, apoiador, 21 anos, foi o único a ser aproveitado. Nas mãos de Pedrinho Vicençote, que já foi seu empresário, passou pela Itália (Fiorentina), Israel, Coritiba, entre outros clubes. “Deveria ter começado pelo Brasil. Já que não foi assim, agora tenho que mostrar quem eu sou”, comenta. Somado aos jogadores mais jovens, tem a experiência de Wagner e Jorge Luís, que aceitaram treinar por dois meses recebendo míseros R$ 200. “Em julho e agosto demos R$ 50 por semana para ajudar na gasolina. E só”, revela o vice Paulo Amorim.

Segundo Alfredo Sampaio, o time da estréia com o Olaria deverá ter Wagner, China, Allan, Jorge Luís e André Ladaga (Misso); Carlos Eduardo, Haroldo, Humberto e Renatinho; Adriano e Felipe.

Americano: mais do que o time do 'Caixa'

Não é apenas por ser o time de coração do presidente da Federação do Rio, Eduardo Viana, o Caixa d’Água, que o Americano quer ganhar notabilidade na disputa do Brasileirão da Série C deste ano.

Clube do interior que mais costuma complicar a vida dos chamados grandes, principalmente quando joga em seu estádio, o ‘Glorioso’ do Norte do estado tem um objetivo: conquistar, aos 89 anos, o seu terceiro título de expressão nacional.

Fundado em 3 de abril de 1914, o Americano Futebol Clube foi campeão brasileiro da Segunda Divisão (Módulo Azul) e do Campeonato Nacional de Seleções, representando o Rio, ambos em 87.

Vice-campeão estadual da Série A, ano passado, após decidir o título com o Fluminense, o Alvinegro do Parque Tamandaré foi 27 vezes campeão campista, um recorde na história da cidade.

A estréia do time na Série C do Brasileirão será fora de casa, contra a Portuguesa, quarta-feira, na Ilha. Mas nos jogos que o Americano mandar, em Campos, é que todo o clube aposta para garantir os pontos necessários à classificação para a segunda fase da competição.

Recém-reformado, o Estádio Godofredo Cruz tem capacidade para 25 mil pessoas e os jogos dos alvinegros de Campos serão um atrativo a mais para sua torcida. Que o diga Caixa d’Água.

Cabofriense: figurinhas carimbadas no time

Campeã da Série B do Campeonato Estadual, em 98, a Associação Desportiva Cabofriense quer fazer bonito no Brasileirão da Série C. Apesar da frustrada tentativa de contratar o atacante Nélio Marreco, ex-Flamengo, o clube apresentará dez reforços.

Os mais conhecidos são Camilo (ex-Flamengo), Cadu e Marcelo Sander (ex-Fluminense) e Gil Bala (ex-América). Além deles, também foram contratados o lateral-direito Wilson, o zagueiro Paulo César, os apoiadores Edinho e Marquinhos e os atacantes Beto e Paulo César.

“Vamos entrar no campeonato para fazer bonito. Contratamos bem e estamos muito confiantes numa boa campanha”, garante o presidente Valdemir Mendez.

O Tricolor da Região dos Lagos, que já chegou a ser dirigido por um trio de feras como Sócrates, Renato Gaúcho e Leandro, é o caçula dos clubes do Estado do Rio a disputar a Série C nacional. Fundado em 1º de janeiro de 1997, tem apenas seis anos de existência, mas quer começar a fazer história desde já.

Friburguense: para que Friburgo seja Suíça

Campeão estadual da Série B em 97, o Friburguense Atlético Clube quer levar o nome da cidade de Friburgo, a Suíça Brasileira, ao topo do cenário nacional do futebol.

Apesar das dificuldades financeiras para armar o time que disputará da Série C, o clube pretende fazer de seu estádio, o Eduardo Guinle, um alçapão para surpreender os seus adversários.

Fundado em 14 de março de 1921, o Tricolor da Serra, com seus 82 anos de existência, luta para conquistar seu primeiro título nacional.

Com azul, branco e vermelho em seu uniforme, o Friburguense tem como sua mascote um bigodudo alemão com uma caneca de cerveja em punho.

A folha salarial do clube em relação ao futebol profissional é de aproximadamente R$ 15 mil mensais. Nada que tire de jogadores e comissão técnica o maior objetivo: conquistar o título que credenciará o clube a disputar a Série B do Brasileiro, ano que vem.

O Estádio Eduardo Guinle tem capacidade para 12 mil torcedores.

Goytacaz: Zaluar foi para o outro lado

A cidade de Campos é pequena para comportar dois clubes de tanta rivalidade, como Goytacaz e Americano. Que o digam seus torcedores, inimigos mortais e que já tiveram brigas homéricas. Em chaves diferentes neste Brasileirão da Terceirona, pelo menos por enquanto, os dois têm um novo confronto adiado.

O Goytacaz chega disposto a superar a honrosa campanha que realizou em 85, quando o clube do Índio conseguiu o seu maior feito no futebol: obteve o vice-campeonato da Série B do Brasileirão.

A exemplo dos clubes do Rio na Série C, a vida também é bandida para quem trabalha no Goytacaz. Com um salário de R$ 5,5 mil, o técnico Luiz Antônio Zaluar, ex-Americano, vive um grande desafio, agora dirigindo o clube rival.

Fundado em 20 de agosto de 1912 e com 91 anos de existência, o Goytacaz Futebol Clube vai estrear na Série C enfrentando o Rio Branco (ES), na quarta-feira, às 20h30, em seu estádio, o Ary de Oliveira e Souza, que tem capacidade para 18 mil pessoas.

Macaé: ônibus, pelo menos, não faltará

Caso o Macaé passe de fase e enfrente um adversário em um local até 700km distante, contará com uma ajuda providencial de seu patrocinador: a empresa de ônibus Rápido Macaense, que ajuda o clube com uniformes e transportes para os jogos e já prometeu ceder um ônibus para as viagens.

Assim como o Rio Branco, o Macaé – que até recentemente tinha o nome de Botafogo Futebol Clube de Macaé – vai debutar na Terceirona. O clube, fundado em 1990, somente montou um time profissional de futebol em 98, quando passou a ostentar apenas o nome da cidade. Nesse mesmo ano, a equipe, tri-campeã da Liga Macaense, conquistou a 3ª Divisão do Campeonato Estadual.

Treinado por Carlos Tozzi e com Dima, ex- Vasco e Fluminense, como preparador físico, o Macaé tem um objetivo simples, explicitado pelo seu supervisor de futebol, Guilherme Costa. “Nosso intuito é passar da primeira fase”, afirma o dirigente, ressaltando que o maior salário entre os jogadores não ultrapassa R$ 1 mil.

Um dos destaques do elenco é Amarildo, ex- Botafogo, e o veloz Nilberto, irmão do ‘marreco’ Nélio, e que estava no Olaria.

Olaria: Vasco também está na Terceira

O Olaria é treinado por Sérgio Cosme, há dois meses funcionário do Vasco. Estranho? Não. Isso é fruto da parceria entre os dois clubes. O time cruzmaltino paga o salário da comissão técnica, empresta jogadores das categorias de base e, com isso, ganha a prioridade, caso se interesse por algum atleta da equipe da Rua Bariri, além de ter outros benefícios. “É uma parceria saudável e que nos ajudou muito, mesmo sem haver uma contribuição financeira direta”, comenta Sérgio Cosme, que pretende levar a campo para enfrentar o América um time com Cássio, Tiago Marciel, Daniel, Santiago e Diego; Rivaldo (Domício), Willian (Douglas) e João Paulo; Guido; Marcelo (Amauri) e Piu, no esquema 4-3-1-2.

Durante a semana, o Olaria empatou com o time principal do Vasco, em 3 a 3. O técnico acredita que a equipe está pronta para a Série C e enumera os fatores que podem fazer com que o Olaria faça uma boa campanha.

“É uma competição muito dinâmica, então, precisamos aliar uma boa função tática a uma pegada forte”, analisa Sérgio Cosme, que conta com 27 jogadores no elenco: “É preciso ter peça de reposição para uma competição como essa”.

Portuguesa: a primeirinha da Lusa da Ilha

Foto: Lêo Corrêa (O Dia)
Os atletas da Lusa têm, às vezes, que treinar em campos interditados
Os atletas da Lusa têm, às vezes, que treinar em campos interditados

Em 1960, após vencer o Fluminense por 2 a 1, no Estádio Luso-Brasileiro, o saudoso técnico da Portuguesa, Gentil Cardoso, adotou como mascote do clube a zebrinha, folclórica personagem da Loteria Esportiva. Mas, zebra à parte, é a estrela do escudo da Lusa da Ilha do Governador que está brilhando nesta temporada.

Doze anos depois, o clube voltará à elite do futebol fluminense em 2004, como campeã da Série B deste ano. E a Portuguesa vai disputar pela primeira vez o Brasileirão da Série C. Um ano de ouro para o clube fundado em 17 de dezembro de 1924 por um grupo de comerciantes portugueses.

“Este é o ano da Portuguesa, a grande oportunidade de mostramos nossa cara”, prevê o técnico Toninho Andrade, 39 anos, no cargo desde abril.

Mas nem tudo é um mar de rosas. A três meses de completar 80 anos, a Lusa carioca vive as dificuldades dos clubes menos abastados. Os jogadores que o digam. A maioria ganha R$ 280 (pouco mais de um salário mínimo ), e rala nos campos cacarecados para ganhar um lugar ao sol, a exemplo do goleiro Max, cria do clube e agora titular no time do Botafogo.

Morador em São Gonçalo, o volante Otaviano faz malabarismo com o magro salário para sustentar a mãe, dois irmãos e garantir dinheiro das passagens para treinar. “Sou o retrato da Portuguesa, mas juntos vamos conquistar nosso espaço este ano”, afirma Otaviano, 21 anos. A Portuguesa gasta R$ 20 mil com o futebol profissional. O elenco é quase todo formado pela prata da casa e a média de idade é de 23 anos,

A Lusa estréia na Terceirona quarta-feira, contra o Americano, às 15h, no seu estádio, com capacidade para 12 mil pessoas. O time base é Alex, Zé Luiz , Marcelo, Ânderson e Fábio Nogueira; Otaviano, Serginho, Marcinho e Éberson; Orlando e Nílton.

Rio Branco: passado curioso. E o futuro?

Foto: Lêo Corrêa (O Dia)
O cavalo em campo mostra as condições de trabalho no Rio Branco
O cavalo em campo mostra as condições de trabalho no Rio Branco

Pela primeira vez o Rio Branco, a convite da CBF, vai disputar a Série C do Brasileiro. Para muitos, um fato inusitado. Mas o time de Campos, prestes a completar 91 anos, tem um passado cheio de curiosidades e um presente repleto de problemas, sem perder a esperança de um futuro melhor.

Didi foi jogador do Rio Branco, que também teve o goleiro Acácio. O time, cujas cores da camisa são o preto e o rosa, participou da Copa do Brasil nos anos 60 e é considerado o ‘pai’ do Americano. Depois de uma briga entre dirigentes, um grupo decidiu criar o clube que atualmente é o time de coração do presidente da Federação de Futebol, Eduardo Viana.

Sem fontes de renda, o Rio Branco sobrevive à custa do apoio financeiro/político da Prefeitura de Campos e do vereador Kelinho. Mas o dinheiro só pode ser aplicado em projetos sociais. Com isso, os diretores do clube arcam com as despesas do futebol. “Nós adotamos os jogadores e cada um paga o salário de um atleta”, revela o presidente Édson Moreira, conhecido como Edinho, que torce para que jovens promessas, como o zagueiro Rodolfo César e o apoiador Thiago, sejam negociados; uma forma de aliviar a asfixia financeira.

Depois de ficar 14 anos sem um time profissional, o presidente Edinho, amigo de longa data de Caixa d’Água, decidiu retomar as atividades do clube. “Voltamos há dois anos e, em 2001, fomos campeões invictos da 3ª Divisão do Estadual. Nossa intenção na Série C é aparecer no cenário nacional”, declara o diretor de futebol César Barreto.

Para isso, o Rio Branco tenta vencer as dificuldades. Com o gramado do clube em reforma, o time treina em um campo que também serve de pasto para cavalos. Os jogadores – a grande maioria de origem humilde – chegam ao local de treinamento de bicicletas. O técnico Souza, ex-jogador do Coritiba, sonha com uma campanha digna e resume: “Querer é poder”. E o Rio Branco quer ir longe. Resta saber se vai conseguir.

Volta Redonda: Voltaço aposta nos garotos

Vice-campeão brasileiro da Série C em 95, o Volta Redonda, de preto, amarelo e branco, vai em busca do primeiro título nacional. Sem dinheiro para contratações, seu novo técnico, Luiz Cláudio, promoveu vários juniores e juvenis.

Enquanto o Estádio Raulino de Oliveira não é reinaugurado, o Voltaço manda seus jogos em Resende. Aos 27 anos, o clube ganhou os Estaduais da Série B de 87 e 90.

Sua história é curiosa. Foi por influência do presidente da extinta CBD (atual CBF), o almirante Heleno Nunes, vascaíno, que ele não foi ‘batizado’ de Flamengo da Cidade do Aço.

A cidade já tinha um clube chamado ‘Flamenguinho’. Contrariando o prefeito, Heleno Nunes determinou: “Já basta um Flamengo! Seria difícil aturar mais um...”, bradou ele, decretando no dia 9 de fevereiro de 76 que o clube teria o nome da cidade. Nascia o Volta Redonda Futebol Clube.