Bangu Atlético Clube: sua história e suas glórias

A presidente de batom

A advogada Rita de Cássia, comandante do Bangu, espera entrar para a história do futebol

Fonte: Jornal O Dia, 25/01/2004
Repórter: Hilton Mattos
Rita de Cássia espera que o time do Bangu faça um bonito papel no Estadual, no ano que o clube da Zona Oeste festeja o seu centenário
Rita de Cássia espera que o time do Bangu faça um bonito papel no Estadual, no ano que o clube da Zona Oeste festeja o seu centenário

Quem disse que mulher não entende de futebol? A história prova o contrário. O esporte, antes praticado só por homens, não pára de ganhar a presença feminina. Elas começaram calçando chuteiras, logo disputaram campeonatos e, em pouco tempo, ganharam destaque em Olimpíadas e até se tornaram árbitras. Agora, elas mandam. Quem não se lembra de Marlene Matheus presidindo o Corinthians de 91 a 93? No Bangu, o poder está nas mãos da advogada Rita de Cássia, de 50 anos.

“Como você vê, as mulheres estão tomando conta”, brinca a presidente, recém-empossada, este mês, por unanimidade.

Rita chegou ao Bangu por acaso. Um anúncio no jornal oferecendo emprego na secretaria do clube lhe chamou a atenção, em 91. O Carnaval na região bombava (a vizinha Mocidade de Padre Miguel que o diga) e ela se inscreveu, atrás de trabalho nos bailes de Moça Bonita. Não demorou e logo foi transferida para o departamento social. Até que, em 93, foi chefiar do departamento técnico de futebol.

Em 2001, foi nomeada vice-presidente pelo Conselho Deliberativo. E, no ano seguinte, foi mantida no cargo – desta vez, através do voto. “Trabalho sem preconceito. Até hoje não tive problemas”, garante a cartola.

A rigor, Rita deve ter agradado em suas tarefas administrativas. Caso contrário, não teria sido a escolhida de Rubens Lopez – cartola afastado, entre aspas, depois de assumir a vice-presidência da Federação. Mesmo como testa-de-ferro de Rubinho, ela promete arregaçar as mangas para defender os interesses banguenses.

“Irei a todas as reuniões do conselho arbitral. Não vou me intimidar”, garante a presidente, orgulhosa por governar o clube justo no ano do seu centenário.

Rita não tem a mesma receita de Florentino Perez no Real Madrid. Dentro dessa realidade, seus planos para o Estadual são modestos. O time conta com um elenco formado por jogadores e técnico (Marcelo Cabo) desconhecidos. “A esperança é a última que morre. Quero ser campeã. Mas, diante de nossas dificuldades, uma quinta colocação ia bem. Ser Bangu é torcer na vitória e na derrota”, apela a presidente.

Em casa, o marido é avesso a futebol. Assim como ela, até antes de 91, quando era uma discreta torcedora do Botafogo. Mas, em casa, não lhe falta apoio. “Saio às 9h e só volto depois das 22h. O futebol mexe com minha vida particular. Mas a família entende”.

Se tivesse os milhões investidos no Real Madrid, alguns nomes seriam certos no clube de Moça Bonita. Para treinador, Carlos Alberto Parreira. Quanto aos reforços, Júlio César, Edmundo, Ronaldo e Ronaldinho Gaúcho. E Romário? “Não. Ele é cobiçado por todos os clubes, mas não o contrataria, não”, responde Rita, moradora de Padre Miguel.