Bangu Atlético Clube: sua história e suas glórias

Bangu Atlético Clube: 100 anos

Fique por dentro de todos os fatos comemorativos do centenário do clube

Logomarca oficial comemorativa dos 100 anos
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SELEÇÃO DO CENTENÁRIO

Seleção do centenário

De janeiro a março de 2004, antecedendo as comemorações do centenário do clube, fizemos uma pesquisa onde o internauta indicou os melhores jogadores em cada posição e também o melhor técnico. Poderia ser votado qualquer profissional que tivesse participado de uma partida oficial durante os 100 anos de história do clube. Com o contagem dos votos montamos o time acima. Confira abaixo os detalhes do resultado. Agradecemos a todos que participaram nos ajudando nessa pesquisa.

Resultado:

Seleção do centenário
Ubirajara Posição: GOLEIRO
1º Lugar - UBIRAJARA - 62%
2º Lugar - Gilmar - 28%
3º Lugar - Vágner - 3%
Fidélis Posição: LATERAL-DIREITO
1º Lugar - FIDÉLIS - 67%
2º Lugar - Márcio Nunes - 10%
3º Lugar - Toninho Baiano - 10%
Domingos da Guia Posição: ZAGUEIRO
1º Lugar - DOMINGOS DA GUIA - 52%
2º Lugar - Mário Tito - 25%
3º Lugar - Moisés - 12%
Domingos da Guia Posição: ZAGUEIRO
1º Lugar - MAURO GALVÃO - 43%
2º Lugar - Luis Alberto - 15%
3º Lugar - Oliveira - 13%
Domingos da Guia Posição: LATERAL-ESQUERDO
1º Lugar - BABY - 28%
2º Lugar - Ari Clemente - 18%
3º Lugar - Marco Antônio - 13%
Domingos da Guia Posição: MEIO DE CAMPO
1º Lugar - ZÓZIMO - 45%
2º Lugar - Jaime - 27%
3º Lugar - Fausto dos Santos - 7%
Domingos da Guia Posição: MEIO DE CAMPO
1º Lugar - ARTURZINHO - 58%
2º Lugar - Ocimar - 23%
3º Lugar - Rubens Feijão - 15%
Domingos da Guia Posição: MEIO DE CAMPO
1º Lugar - ZIZINHO - 53%
2º Lugar - Ademir da Guia - 28%
3º Lugar - Mário Marques - 12%
Domingos da Guia Posição: ATACANTE
1º Lugar - PAULO BORGES - 80%
2º Lugar - Cabralzinho - 15%
3º Lugar - Nívio - 10%
Domingos da Guia Posição: ATACANTE
1º Lugar - MARINHO - 60%
2º Lugar - Parada - 25%
3º Lugar - Cláudio Adão - 13%
Domingos da Guia Posição: ATACANTE
1º Lugar - ALADIM - 33%
2º Lugar - Ladislau - 13%
3º Lugar - Ado - 12%
Domingos da Guia TÉCNICO
1º Lugar - TIM - 43%
2º Lugar - Moisés - 32%
3º Lugar - Alfredo Gonzalez - 8%

DESTAQUE NAS TVs

Seleção do centenário

Bangu completa 100 anos de muita história

O Bangu completa 100 anos hoje voltado para o passado, sem motivos para festejar o presente. Time foi o primeiro a ter negros e teve futebol antes mesmo de Charles Muller, mas foi rebaixado este ano

17/04/2004 - Globo Esporte - Rede Globo
Programa Globo Esporte

Inauguração do busto de Domingos da Guia

Em homenagem aos 100 anos do Bangu, o programa Sportscenter da ESPN Brasil, apresentou a festa da inauguração do busto de Domingos da Guia, no calçadão de Bangu, festa organizada pela Democracia Banguense

18/04/2004 - Sportscenter - ESPN Brasil
Programa Sportscenter

Especial "Mulatinhos Rosados"

A ESPN Brasil exibiu o Especial inédito sobre os 100 anos do Bangu Atlético Clube do Rio de Janeiro. Entre histórias curiosas e torcedores ilustres, o programa mostrou como foram as conquistas dos títulos cariocas de 1933, 1966 e do vice-campeonato brasileiro de 1985

18/04/2004 - Sportscenter - ESPN Brasil
ESPN Brasil

As comemorações pelo centenário do Bangu tiveram início no dia 17 de abril, data da fundação do clube em 1904. Como parte das celebrações, foi inaugurado no Calçadão de Bangu o busto de Domingos da Guia, ídolo do futebol brasileiro e ícone do Bangu, cujo nome está presente até mesmo no hino do time, composto por Lamartine Babo.

O especial abordou ainda a história do bairro de Bangu que cresceu em torno de uma fábrica de tecidos na Zona Oeste do Rio de Janeiro. O programa mostrou como esta fábrica, a vila operária e a ferrovia contribuiram para o desenvolvimento desta que era uma zona rural no final do século XIX.

Sob o ponto de vista de três famílias que marcaram a história do Bangu – Silveira, Da Guia e Andrade –, o programa revelou algumas curiosidades do alvirrubro carioca. Guilherme da Silveira, filho do presidente da fábrica de tecidos e presidente do clube, a família Andrade, de Castor de Andrade, ex-presidente de honra do clube, e a família Da Guia são algumas das personalidades que estão no especial.

A ESPN Brasil resgatou ainda entrevista com o jogador Zizinho, que integrou a equipe do Bangu de 1950 a 1957. Zizinho, um dos melhores jogadores de futebol de todos os tempos no Brasil, influenciou gerações de craques, entre eles o próprio Pelé.

O documentário é o segundo da série 300 Anos de Futebol Carioca. Em março, a ESPN BRASIL apresentou especial sobre o centenário do América do Rio de Janeiro e, ainda neste ano, exibe um especial em homenagem aos 100 anos do Botafogo.

DESTAQUE NOS JORNAIS

Seleção do centenário

Bangu: um século de bola rolando

Fonte: Lance!, dia 16/04/2004
Papo com Assaf - Roberto Assaf

Na semana em que o Bangu completa 100 anos de vida, vale formular a tese de que o futebol, por essas plagas, foi jogado antes da chegada de Charles Miller, o paulista filho de ingleses que voltou da pátria dos pais em abril de 1894, para introduzir o esporte no Brasil, como reza a versão oficial.

A fundação do clube está intimamente ligada à inauguração da Fábrica Bangu, em 1889. E à importação, por seus proprietários, de mão-de-obra especializada da Europa, essencialmente de britânicos, a partir de 1891. Logo, os técnicos, nativos e estrangeiros, passaram a instalar-se na vila erguida em torno da nova indústria. Em janeiro de 1893, quatro deles – Andrew Procter, Thomas Donohue, Thomas Hellowell e William French – deixaram Southampton para reforçar o quadro de empregados da fábrica. Na bagagem, material para a prática de peladas, que logo transformaram-se no principal lazer de cada domingo.

Pouca gente sabe, mas a fundação do Bangu foi planejada em 1897, e só não ocorreu naquele ano porque o gerente da fábrica, um certo Eduardo Gomes Ferreira, abortou a iniciativa, alegando que jogos eram "nocivos à vida em sociedade". Com a saída de Ferreira, no começo de 1904, a idéia ganhou impulso definitivo. Por tal pioneirismo, também a importância da existência do Bangu.

Conta José Moraes dos Santos Neto, em "Visão do jogo - primórdios do futebol no Brasil", que a bola também já rolava no Colégio São Luís de Itu, interior paulista, antes do retorno de Charles Miller da Inglaterra. Mas isso só vem reforçar a tese de que o jogo, por aqui, começa de fato antes do que diz a história oficial.


Na festa do centenário, um Bangu dividido

Atual diretoria e oposição fazem comemorações em locais distantes um do outro, num triste retrato do clube

Fonte: O Globo, dia 17/04/2004
Foto: Ivo Gonzalez
A SALA DE TROFÉUS do clube, na sede social, com dois títulos estaduais (1933 e 1966) e um vice do Brasil
A SALA DE TROFÉUS do clube, na sede social, com dois títulos estaduais (1933 e 1966) e um vice do Brasil

Os festejos do centenário do Bangu, hoje, são um retrato da atual situação do clube, rebaixado para a Segunda Divisão estadual. No Rio Comprido, numa casa de festas, a diretoria organiza um evento, à noite. No mesmo horário, o Movimento Democracia Banguense fará um baile popular em frente ao clube. Pela manhã, no calçadão de Bangu, será inaugurado um busto de Domingos da Guia, que começou a sua carreira no time.

Um dos primeiros clubes a abrir as portas para os negros e jogadores de baixa renda e um dos pioneiros na implantação do futebol no Brasil, o Bangu vive uma situação de agonia. A atual presidente do clube é Rita de Cássia, eleita em novembro de 2003.

— Hoje em dia é difícil dirigir um clube de futebol. A gente vive praticamente às custas de escambo de jogadores. O Bangu está na corda-bamba sempre, vivendo dentro de um orçamento limitadíssimo.

Foto: Cezar Loureiro/21-1-2004
A ATUAL PRESIDENTE, Rita de Cássia, no estádio de Moça Bonita
A ATUAL PRESIDENTE, Rita de Cássia, no estádio de Moça Bonita

No gabinete de Rita de Cássia, a estatueta dourada que retrata com incrível fidelidade o sorridente rosto do venerado e temido Castor de Andrade parece servir de inspiração. Mas ela deve obediência ainda ao todo-poderoso Rubens Lopes, vice-presidente da Federação Estadual de Futebol, e que garantiu que o time não vai cair para a Segundona do Rio, prometendo mais uma virada de mesa. Uma página negra numa equipe com dois títulos estaduais, os de 1933 e 1966, e um vice no Brasileiro, o de 1985.

Foto: Ivo Gonzalez
ALGUNS MEMBROS do Movimento Democracia Banguense. Festa hoje para homenagear Domingos da Guia
ALGUNS MEMBROS do Movimento Democracia Banguense. Festa hoje para homenagear Domingos da Guia

Para oposição, diretoria destruiu tudo no clube

O presidente do movimento de oposição, Peri Cozer, propõe uma modificação total na forma de administração do clube, com, principalmente mais transparência. Ele acusa a atual diretoria de usar o Bangu para fins políticos:

— A festa da diretoria vai ser no Rio Comprido porque o salão de baile da sede está destruído. A Segundona é uma conseqüência dos desmandos dos atuais dirigentes.


Panorama Esportivo
Antonio Maria Filho e Jorge Luiz Rodrigues

PARABÉNS: O Bangu completa hoje 100 anos de fundação, com justa homenagem a Domingos da Guia.


Foguetes no ar

Festa e polêmica no centenário do Bangu

Fonte: Jornal dos Sports
Repórter: Flavio Winicki e Luís Lima
Time de 66: em pé, Mário Tito, Ubirajara, Luís Alberto, Ari Clemente, Fidélis e Jaime; agachados, Paulo Borges, Cabralzinho, Ladeira, Ocimar e Aladim
Time de 66: em pé, Mário Tito, Ubirajara, Luís Alberto, Ari Clemente, Fidélis e Jaime; agachados, Paulo Borges, Cabralzinho, Ladeira, Ocimar e Aladim

O Bangu comemora hoje o seu centenário mergulhado numa crise política e financeira que culminou com o seu rebaixamento para a Segunda Divisão do Carioca. Oposição e situação organizam diferentes eventos para celebrar a data.

A diretoria comemora o centenário com um amistoso de futsal entre Bangu e Madureira, na sede do clube, uma competição de natação envolvendo cem estudantes e um coquetel num restaurante da Zona Sul. "Esperamos a presença de ex-jogadores e torcedores ilustres. Convidamos mais de 500 pessoas para o coquetel", disse a presidente, Rita de Cássia.

Já a Democracia Banguense, grupo formado no ano passado por torcedores, tem sua programação própria. Hoje de manhã, será inaugurado, no calçadão da Avenida Cônego de Vasconcelos, o busto do seu maior ídolo, Domingos da Guia. À noite, o grupo promove um baile no Largo da Igreja, em frente à sede do clube. O presidente do grupo, Peri Cozer, fez questão de promover os eventos no próprio bairro. Um dos objetivos do movimento é que o Bangu retorne às raízes.

A Democracia Banguense ironiza a festa oficial e responsabiliza a atual diretoria pela crise que o clube atrevessa. "Vão fazer uma festa num restaurante da Zona Sul. O Bangu é da Zona Oeste. É a cara dessa diretoria", afirmou Peri.

A presidente Rita de Cássia rebate as acusações do movimento. "Eles perderam os títulos porque não pagam as mensalidades. Basta pagar o que devem para freqüentar o clube", contra-atacou.

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Um marco no futebol brasileiro

No dia 17 de abril de 1904, há exatamente cem anos, nascio The Bangu Athletic Club, fundado por funcionário ingleses da Fábrica de Tecidos Bangu. Localizado na Zona Oeste do Rio, o clube marca a história do futebol brasileiro como um dos mais antigos e o primeiro no país a aceitar um jogador negro: Francisco Carregal, em 1905.

O Bangu surgiu revolucionando a época com uma visão direcionada para três setores: social, esportivo e cultural. Tanto que o escudo do clube ostenta essas mensagens: o "B" representa o lado intelectual do clube, com a forma de pincenê; o "A", um suporte de telas, representa o lado cultural; o "C" é uma ferradura para sinalizar sorte no esporte.

Um dos motivos de orgulho para o torcedor são os títulos. O Bangu foi o primeiro clube a conquistar o Campeonato carioca profissional, em 33, com uma vitória incontestável por 4 a 0 sobre o Fluminense, nas Laranjeiras. Em 47, um marco na história do clube: a mudança da Rua José Ferrer para o Estádio Proletário Guilherme da Silveira (foto), em Moça Bonita.

O clube da Zona Oeste foi também o primeiro a ganhar um título no recém-inaugurado Maracanã, em 1950. O Bangu sagrou-se campeão ao derrotar por 3 a 2 o Vasco na final do Torneio Início.

Craques de bola consolidaram a história desse clube centenário. Entre os mais importantes estiveram o zagueiro Domingos da Guia e seu filho, o apoiador Ademir, além do zagueiro Zózimo, bicampeão mundial (58/62), e Zizinho. O Bangu ainda seria campeão carioca de 66 e vice brasileiro de 85, perdendo nos pênaltis o título para o Coritiba. A última glória foi a conquista da Taça Rio, em 87.


Bangu festeja o centenário

Campeão de 33 e 66 comemora a data histórica com festas e homenagens

Fonte: Lance!, dia 17/04/2004
Repórter: André Alt
QUE TIMAÇO O campeão estadual em 1966 tinha, entre outros, Fidélis, Paulo Borges, Cabralzinho e Aladim
QUE TIMAÇO O campeão estadual em 1966 tinha, entre outros, Fidélis, Paulo Borges, Cabralzinho e Aladim

O Bangu comemora, hoje, 100 anos de glórias, em meio a uma grande decepção no presente. Para celebrar esta data tão especial de um dos clubes mais tradicionais do Rio, que já conquistou dois estaduais, mas que foi rebaixado para a Segunda Divisão neste ano, alguns eventos estão programados de hoje até segunda-feira.

A diretoria do time de Moça Bonita homenageará personalidades da história do clube, com a entrega de medalhas numa solenidade hoje, às 20 horas, no Le Buffet, do Rio Comprido. Haverá ainda, na segunda-feira, às 20h30min, uma homenagem no Jockey Club Brasileiro, onde o jóquei Ricardinho participará do quinto páreo vestido com a camisa do Bangu.

A Democracia Bangüense, movimento de oposição à diretoria atual do clube, também comemora o centenário com a inauguração oficial do busto de Domingos da Guia, hoje, às 10 horas, na Av. Cônego de Vasconcelos, em Bangu.

Um clube como o Bangu merece, de fato, tantas comemorações. Afinal, conquistou os Estaduais de 1933 e de 1966. O segundo, de forma arrasadora, com apenas três derrotas em 23 jogos, e uma vitória memorável sobre o Flamengo, por 3 a 0, em que houve briga generalizada em campo. Para Ubirajara, do time de 66, o clube de Moça Bonita tem um significado especial.

- O Bangu representa tudo para mim. Lá comecei a minha vida - conta o goleiro da campanha de 66.

Entre outras glórias houve o vice-campeonato brasileiro de 1985, quando o título escapou na decisão de pênaltis contra o Coritiba, em pleno Maracanã, numa época em que o contraventor do jogo do bicho, Castor de Andrade, era o principal dirigente do clube.

Memória

17/04/1904 É fundado por funcionários da Fábrica de Tecidos, em sua maioria imigrantes ingleses, o "The Bangu Athletic Club".

22/10/1911 O Bangu conquista o Campeonato carioca da Segunda Divisão, ao empatar com o São Cristóvão em 1 a 1. Foi o primeiro título oficial.

12/11/1933 O Bangu surpreende os grandes clubes e conquista pela primeira vez o Campeonato carioca, vencendo o Fluminense, na final, por 4 a 0, nas Laranjeiras.

18/12/1966 De maneira arrasadora, o timaço do bangu conquista o segundo título estadual do clube goleando o Flamengo por 3 a 0.

31/07/1985 O Bangu perde o título brasileiro ao ser derrotado pelo Coritiba, nos pênaltis, no Maracanã.

18/12/1985 O Bangu perde o Estadual para o Flu por 2 a 1. Os bangüenses reclamam até hoje de um pênalti de Vica em Cláudio Adão, no último minuto, não marcado pelo árbitro José Roberto Wright.


Bangu, divino aos 100 anos

Ademir da Guia inaugura busto em homenagem a seu pai, o mestre Domingos da Guia, eterno ídolo do clube

Fonte: Jornal O Dia
Repórter: José Luiz de Pinho
Morando em São Paulo, Ademir voltou a Bangu após 20 anos e se emocionou: ‘Era tudo calmo. Até me espanto em ver tanta gente por aqui’
Morando em São Paulo, Ademir voltou a Bangu após 20 anos e se emocionou: ‘Era tudo calmo. Até me espanto em ver tanta gente por aqui’

O futebol viajou no tempo e foi parar em Bangu, berço de dois monstros sagrados do mundo da bola. Lá, o ‘Divino Mestre’ Domingos da Guia e o filho, Ademir, deram os primeiros dribles e começaram a escrever seus nomes numa história de capítulos memoráveis.

Para comemorar o centenário do Bangu, Ademir, o ‘Divino’, título herdado do pai, veio de São Paulo e inaugura hoje, às 10h, um busto em homenagem ao melhor zagueiro do Brasil. Domingos defendeu o Bangu de 1929 a 31. Se consagrou no Vasco, Flamengo, Seleção Brasileira e clubes do exterior até encerrar a carreira no mesmo Bangu, em 48.

Com direito a banda de música do Corpo de Bombeiros, o evento acontecerá na Rua Cônego de Vasconcellos, coração do bairro. À noite, será realizado um baile na Praça da Matriz.

“Há 20 anos não vinha a Bangu e a emoção é muito grande. Nasci e fui criado ali, na Rua da Feira. Era deserto e até me espanto em ver tanta gente aqui”, admirou-se ele, que mora em São Paulo.

Filho do ‘Mestre’, o ‘Divino’ não se conteve. Vestindo a camisa do Bangu, ‘pele’ que defendeu de 57 (desde o infantil) a 61, quando foi para o Palmeiras, Ademir beijou o busto do pai e extravasou a emoção.

“É lindo, perfeito. Já tive muitas emoções desde que encerrei a carreira aos 35 anos, mas essa... ”, confessou ele, que tem um busto seu no Palmeiras.

Esculpido em bronze pelo artista plástico Cálcio Régis, o busto de Domingos da Guia pesa 70 c/ e foi feito em 20 dias.

“Me inspirei numa foto dele de 48, justamente o ano em que ele encerrou a carreira no Bangu”, revelou Cálcio.

Olhos marejados, ao lado do filho Minar. Admire, de 62 anos, disse como herdou o apelido do pai, um zagueiro que encantava pelo estilo refinado.

“Foi no Palmeiras. Em 65, já me chamavam de ‘Filho do Divino’. O tempo passou e 10 anos depois, acabou ficando só ‘Divino’”, revelou o craque da Academia, que além do Bangu, defendeu o Verão por 16 anos, de 61 a 77.

À frente do busto, uma placa rende homenagem ao zagueiro que encantou o Brasil.

“Ao Divino Mestre, à Prefeitura e aos moradores de Bangu, a homenagem ao maior zagueiro de todos os tempos, Domingos da Guia. Jogador de toque refinado, que levou o futebol brasileiro além dos limites do país. Foi quatro vezes campeão carioca, campeão argentino e uruguaio. Com a Seleção, conquistou a Copa Rocha”, informa a placa.

Benignas assumido, o cardeal arcebispo do Rio, Dom Eusébio Escada, se fez representar pelo cônego Údine Motos na festa da Democracia Banguense, quarta-feira, no Salão de festas Cinco Estrelas, em Bangu.

Ademir revê ex-companheiros e lembra do primeiro título, em Nova Iorque

Ao encontrar ex-companheiros de time, como Ananias, Ademir lembrou sua primeira conquista: o título invicto do Torneio de Nova Iorque, quando tinha apenas 18 anos. E não faltaram histórias pitorescas.

“Esse título me levou aos profissionais. O engraçado é que fui eleito o melhor do Torneio e recebei um envelope dos americanos. Estou crente que ganharia uns US$ 2 mil. Que nada! Só tinha US$ 21”, divertiu-se o ‘Divino’.

O Bangu obteve quatro vitórias e um empate: 4 a 0 no Sampdoria (Itália); 3 a 2 no Rapid Viena (Áustria); 5 a 1 no Sporting de Lisboa; 0 a 0 com o IFK Norrkoping (Suécia) e 2 a 0 no Estrela Vermelha (Iugoslávia). Ademir contou outra fato engraçado. “Foi em 61, num amistoso na Paraíba. Exigiam a escalação de Zizinho, que já havia parado em 57 mas acabou entrando. Um dia depois, a imprensa estampou: “quem foi ver Zizinho, acabou vendo Ademir”, lembrou o ‘Divino’. Até a saída de Ademir do Bangu, em 31, contada por Ananias, foi motivo de risos. “Em 1960, o Décio, lá do Bangu, reclamou com o Tim que queria ser titular no lugar do Ademir. Em 61, o Domingos o levou para o Palmeiras e ele arrebentou”, lembrou Ananias.

Craque diz se preocupar mais com o futuro do Bangu que o do Palmeiras

Ademir da Guia tem o coração dividido entre duas paixões. Porém, admitiu estar mais preocupado com o futuro do Bangu do que com o do Palmeiras. Ele espantou-se ao saber que o futebol do Bangu é dirigido por uma mulher, Rita de Cássia.

"É mesmo?! Não sabia, não! Mas não é por ela ser uma mulher que não vai ser cobrada como se fosse um homem", afirmou Ademir, apontando novas eleições como antídoto para a crise.

Depois de amargar o rebaixamento do Verdão no Brasileiro, em 2002, o "Divino"está triste com a queda do Bangu para a Segunda Divisão do Rio em pleno ano do centenário do clube.

"Os dois rebaixamentos doeram. Mas sabia que o Palmeiras teria forças para voltar à série A como voltou. Já o Bangu não sei se terá a mesma estrutura", admitiu ele, que defende, inclusive, uma possível virada de mesa.

"Os clubes de tradição do Rio, como o Bangu, deveriam ser preservados", entende.

A preocupação de Ademir faz sentido. Em pleno centenário, o Bangu vive uma crise política sem precedentes, que culminou com a criação da "Democracia Banguense".

Um movimento que ex-sócios ilustres afastados do clube fazem em oposição à atual diretoria. "Não estou do lado de ninguém e sim do Bangu, que está abandonado. A sede, então, nem se fala. É triste ver o clube onde passei a infância nessa situação", lamentou.

"A ética e a moralização são a base da história do Bangu. Por isso, o regulamento tem de ser respeitado", afirmou Peri Cozer Olhovetchi.


Informe do Dia
Arnaldo César

NOTA 10 - Para o Bangu Atlético Clube, que completa hoje 100 anos.


Bangu, um centenário em dois atos

No dia dos 100 anos, diretoria e oposição fazem festa em locais diferentes

Fonte: Jornal Extra, dia 17/04/2004
O CONVITE da oposição
O CONVITE da oposição

Os festejos do centenário do Bangu, hoje, são um retrato da atual situação do clube, rebaixado para a segunda divisão. No Rio Comprido, numa casa de festas, a diretoria organiza um evento à noite. No mesmo horário, o Movimento Democracia Banguense fará um baile popular em frente à sede do clube. Pela manhã, no calçadão de Bangu, o grupo de oposição inaugura um busto de Domingos da Guia, que começou a carreira no Bangu.

Um dos primeiros times a abrir as portas para os negros e jogadores de baixa renda e um dos pioneiros na implatação do futebol no Brasil, o Bangu vive uma situação de agonia. Mesmo assim, alguns dirigentes esquecem o passado glorioso e preferem se apegar ao subterfúgio de tentar uma virada de mesa para que o clube permaneça, por meios antiéticos, na elite do futebol carioca. Uma mancha negra na história do clube que traz em sua galeria de troféus dois títulos estaduais, os de 1933 e 1966, e um vice-campeonato no Brasileiro, o de 1985.


"Deus abençoe a todos os banguenses"

Cardeal Dom Eusébio Oscar Scheid

Fonte: O Globo, dia 17/04/2004
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Em primeiro lugar, gostaria de saudar a diretoria do Bangu Atlético Club, juntamente com todos os seus jogadores, comissão técnica, associados e, enfim, todos os torcedores e torcedoras desse histórico time, que muita alegria trouxe para os amantes do futebol.

Ao lado de outros grandes clubes brasileiros, o Bangu recorda o dia 17 de abril de 1904, em que funcionários ingleses de uma fábrica de tecidos inauguraram esse admirável clube, trazendo, a partir de então, momentos gloriosos, vibrantes e inspiradores.

Não estaria exagerando se dissesse que os momentos mais marcantes e empolgantes para o futebol brasileiro foram proporcionados pelo Bangu, em especial com o lançamento do maior craque que o Brasil já pôde conhecer, superando até mesmo o Rei Pelé e o Zico. Por causa do atacante Zizinho e sua impressionante atuação em 1950, até mesmo como jogador da Copa do Mundo, eu vibrava com as partidas, cujos resultados se ouvia pelo rádio, mas só depois de um tempo poder-se-ia ver em telas de cinema, pois não havia transmissão ao vivo naquela época.

Lembro-me de que Zizinho dominava as jogadas mais impressionantes e imprevisíveis que se possa imaginar. Com isso e muito mais, cresceu a minha “paixão” pelo Bangu.

Parabenizo, assim, a todos que ajudaram nessa bela história do time do Bangu e espero que este centenário anime e inspire muitos outros grandes jogadores a, com arte e talento, alcançar vitórias e alegrias para nós. Bola na rede e gol!!!

O CARDEAL DOM EUSÉBIO OSCAR SCHEID é arcebispo do Rio de Janeiro


Uma festa para Domingos no centenário

Fonte: Jornal dos Sports
Repórter: Flavio Winicki
Foto: Ari Kaye (Jornal dos Sports)
Ademir da Guia beija o busto de bronze que homenageia seu pai, o zagueiro Domingos da Guia, ídolo dos banguenses
Ademir da Guia beija o busto de bronze que homenageia seu pai, o zagueiro Domingos da Guia, ídolo dos banguenses

Na festa de comemoração do centenário do Bangu, a Democracia Banguense, grupo de oposição formado por torcedores, promoveu ontem a inauguração do busto de Domingos da Guia, um dos maiores ídolos da história do clube. Ademir da Guia, filho de Domingos, esteve presente para prestigiar o evento. Os torcedores vibraram e se emocionaram com a presença do craque que, como o pai, também brilhou com a camisa alvirubra.

A escultura de bronze, que mede 70 cm e pesa 70 kg foi feita por Clécio Régis.

"O modelo para a escultura foi uma foto de 1948. Foi uma doação. Não cobrei nada pela obra, porque é uma honra homenagear um ídolo do Bangu, o clube do meu coração que é minha verdadeira religião", disse o artista.

Cerimônia deixa Ademir emocionado

O busto do ídolo pode ser visto no calçadão da Avenida Cônego Vasconcelos. O local passou a se chamar Calçadão Domingos da Guia.

Ao som do hino do clube, coube a Ademir de Guia, filho do Divino Mestre, fazer a inauguração oficial do busto.

"Estou muito emocionado em participar dessa festa, para mim, é um privilégio estar aqui representando a família. O futebol e o destino me fizeram morar em São Paulo. Porém, o bom filho à casa torna. Sempre pensei que voltaria aqui. Fico feliz por ser num evento tão bonito e emocionante", disse Ademir.