1933: Bangu faz boa campanha e ganha primeiro título profissional carioca
Fonte: ABI (Associação Brasileira de Imprensa), 05/10/2004

O Bangu foi o primeiro campeão carioca do profissionalismo, depois que o tão conhecido e praticado amadorismo “marron” chegou ao fim em 1933. Não era segredo para ninguém que vários clubes gratificavam seus jogadores por vitórias com os chamados bichos. América, Bangu e Fluminense defendiam o profissionalismo, enquanto o Botafogo era a favor do amadorismo, porque nem todos os seus jogadores aceitariam se profissionalizar. Os clubes favoráveis ao profissionalismo fundaram então Liga Carioca, deixando o Botafogo sozinho na AMEA (Associação Metropolitana de Esportes Atléticos).
As colocações do Bangu nos dois últimos anos da década de 20 (quarto lugar ao lado do Fluminense, em 29, e quarto lugar, em 30, junto com o São Cristóvão) e nos dois primeiros anos da década seguinte (terceiro lugar, em 31, e quarto lugar empatado com o São Cristóvão em 32) prenunciavam que uma conquista maior estava próxima.
Disputaram o campeonato carioca de 1933, na Liga Carioca, América, Bangu, Bonsucesso, Flamengo, Fluminense e Vasco. O Bangu estreou contra o América, no dia 7 de maio de 1933. A vitória por 6 a 2, no campo do adversário, foi além da expectativa. Sete dias depois, novamente como visitante, os alvi-rubros venciam o Fluminense por 2 a 0. Na 3a rodada, veio o empate frente ao Vasco, em Álvaro Chaves. No campo do América, o Bangu derrotou o Bonsucesso por 4 a 3, num jogo difícil. Com o Flamengo, encerrando o turno, o Bangu empatou de 2 a 2.
A única derrota aconteceu na abertura do segundo turno, em São Januário, por 3 a 0, diante do Vasco. A goleada frente ao Bonsucesso por 5 a 0, no campo do América, manteve a confiança do time. A grande vitória contra o Flamengo por 3 a 1, no campo do Fluminense, era a confirmação de que o Bangu tinha futebol para ser campeão.
Faltavam, apenas, dois adversários, Fluminense e América. O tricolor estava com seis pontos perdidos, dois atrás do Bangu. A vitória dava aos bangüenses o título antecipado. No dia 12 de novembro de 1933, sob a arbitragem de Alderico Sólon Ribeiro, no campo da rua Álvaro Chaves, os comandados de Luiz Vinhaes conquistaram o primeiro título carioca de profissionais. A vitória por 4 a 0 sobre o Fluminense foi indiscutível. Ivan (contra), e Tião, no primeiro tempo; Plácido e Tião na fase final construíram o placar.
O Bangu venceu com Euclides, Mário e Camarão; Ferro, Santana e Médio; Paulista, Ladislau, Tião, Plácido e Orlandinho. Destacamos Ladislau e Médio, irmãos de Domingos da Guia, Tião, artilheiro do campeonato com 13 gols, e Plácido Monsores que, também, vestiu a camisa do América, Madureira e Santos.
O Jornal dos Sports, que fez a cobertura da recepção aos campeões, em Bangu, publicou na sua edição de 14 de novembro, dois dias depois da conquista do título:
“Quando chegaram a Bangu os campeões cariocas, palmas, gritos e vivas eram ouvidos por todos os cantos. Um barulho verdadeiramente ensurdecedor. Já passavam das 19 e meia, quando o carro em que ia o Dr. Ary Franco chegou a Bangu, seguido pelo cortejo dos demais jogadores. A multidão se dividiu em duas alas. Os carros passavam no meio. E cada jogador era alvo da exteriorização da alegria daquele povo que esperava o campeonato há 29 anos...
Bangu todo se movimentou na noite de anteontem. E nem podia deixar de ser assim. A população inteira queria saudar os campeões. Queria vê-los de perto, como se fossem pessoas estranhas ao lugar. Não era o Ladislau, o Plácido, o Santana, o Médio, o Camarão, o Euclydes, o Orlandinho, o Paulista, o Tião, o Ferro, o Mário que ali vinham. não, não eram eles. Eram sim os onze campeões que voltavam a Bangu, que traziam para Bangu a supremacia do futebol profissional, no seu primeiro ano de existência”.
No dia 15 de novembro, no campo do Fluminense, onde três dias antes conquistara o título de campeão carioca, o Bangu encerrou a sua campanha com chave de ouro, ao golear o América por 7 a 3.