Abalou, Bangu!
O time do subúrbio carioca foi à Europa e trouxe boas vitórias na bagagem
Fonte:Revista Placar, por Raphael Zarko, publicada em 20/08/2012

Se os grandes clubes europeus podem se gabar de pré-temporadas no milionário mundo árabe, com petrodólares à vontade, o Bangu também tirou sua onda em 2012. De meados de junho ao começo de agosto, o alvirrubro de Moça Bonita fez uma excursão pela Europa que lembrou os velhos tempos do vice-campeão brasileiro de 1985 (leia texto ao lado). A diferença é que o clube não conta mais com craques do quilate de Zizinho e Ademir da Guia nem com uma sombra do poder econômico dos tempos do bicheiro Castor de Andrade. No período, passando por gramados alemães e húngaros, foram três vitórias, quatro empates, três derrotas, um jogador vendido no meio da excursão - o volante Josivaldo Oliveira, para a Coreia do Sul - e muitas histórias para colecionar. Abaixo, algumas pérolas da viagem.
As aventuras muito loucas do Bangu

Aeroporto - As diferenças culturais ficaram claras logo na chegada do grupo. No aeroporto de Berlim, na emanha, a delegação mostrou seu poder de “abalar, Bangu” sem se intimidar com o ambiente, digamos, mais frio. Ao cruzar o saguão lotado de turistas e de alemães pra lá de reservados, a garotada do bairro mais quente do Rio começou a dançar. Foi um tal de funk e hip-hop no meio do aeroporto, que todo mundo parou para ver e rir da descontração dos brasileiros.

Tabelinha - Numa parada em uma rodoviária da Alemanha, um dos jogadores resolveu bater bola com uma criança com síndrome de Down. “Foi incrível, porque abriu uma roda e ficou o Romeu, que é pretinho, pretinho, trocando passes com o garoto, novinho, muito branco. As pessoas ficaram olhando e depois bateram palma, festejaram bastante”, lembra o diretor José Reis.

Cadê o feijão? - Encarar a Europa, vá lá. Mas sem o feijão com arroz fica difícil. Precavido, o Bangu levou uma cozinheira na excursão. Só não se preocupou em levar também os ingredientes. “Pensamos que íamos encontrar feijão fácil, mas que nada”, divertese José Reis. A rapaziada passou 15 dias sem a iguaria até conseguir encomendar um pouco de feijão em Berlim.

Pegadinha - Depois de um mês na Alemanha, o Bangu foi jogar um amistoso na Hungria contra o Vasas (seis vezes campeão nacional). Os brasileiros já estavam uniformizados e em campo quando os anfitriões cancelaram a partida alegando problemas com a federação de futebol do país. “Ninguém entendeu nada, mas não queriam que a gente jogasse”, diz Luciano Naninho. Para não perder a viagem, o Bangu bateu uma bolinha de meia hora contra os juniores do Vasas. Meteu 4 x 0.
Outras viagens

Em 1950, o Bangu saiu pela primeira vez do Brasil e fez três amistosos no Chile. No ano seguinte, o time passou quase três meses viajando por oito países europeus num combinado com o São Paulo. A grande glória internacional veio em 1960, quando o Bangu venceu o Torneio de Nova York, título que o clube considera um Mundial. O Bangu de Ademir da Guia triunfou no torneio que contava com Bayern Munique, Sampdoria-ITA, Sporting Lisboa e outras oito equipes. Em 1989, o time do bicheiro Castor de Andrade disputou um torneio em Kiev, onde venceu o Dínamo e enfrentou na decisão o Fluminense, que passara pela Roma. Mas perdeu nos pênaltis. Foi a última grande excursão banguense para fora do país.