Prefácio
O que há de mais interessante para ressaltar no futebol de hoje é que embora o esporte seja cada vez mais profissional dentro e fora do campo continua despertando paixões arrebatadoras. O interesse de Carlos Molinari pelo Bangu poderia ser até melhor compreendido se ele tivesse vivido intensamente algum dos grandes momentos da história do clube. Mas Carlos é um menino de vinte e poucos anos, o que obriga a gente a dizer que o seu amor pelo alvirrubro vai muito além dos ídolos que habitaram Moça Bonita em dias de glória e das taças que enfeitam a sua sala de troféus.
Tal sentimento surge também do desejo incontido de manter em evidência e sobretudo apregoar por todos os cantos as raízes e as tradições do seu torrão natal. Tanto que após contar a trajetória do primeiro século de vida do clube, na obra lançada em 2004, Carlos retorna com outro trabalho de fôlego, na prática detalhando o anterior. Para que o Bangu não seja eterno apenas na memória dos que testemunharam as suas conquistas, mas também de todos aqueles que venham manifestar a curiosidade de conhecê-lo com maior intimidade.
Qualquer fanático por futebol, principalmente mais veterano, não terá dificuldade para desfilar, por exemplo, de uma carreira só, o esquadrão que ganhou o Campeonato Carioca de 1966. Assim como será relativamente fácil para os jovens encontrar a escalação do time, que começava com Ubirajara e acabava em Aladim. Mas vá você, caro torcedor, e pouco importa a sua idade, descobrir as equipes que disputaram temporadas de 50, 80, 100 anos atrás, especialmente em amistosos largados no tempo, que obrigam o pesquisador a caçar publicações esquecidas ou escondidas em algum baú, à espera de algum curioso venha resgatá-las para a posteridade. Pois foi esse o esforço que o Carlos se propôs a realizar, como craque que também é, tratando agora de divulgá-la, para que todos nós possamos revirá-las em busca de um conhecimento maior sobre um dos clubes mais tradicionais do país.
O coração do Carlos é tão vermelho como o de qualquer um de nós, mas a sua nova obra nos traz a certeza absoluta de que seu órgão propulsor é cortado por um punhado de listras brancas, no sentido vertical, exibindo ainda, com nitidez, as letras BAC, assim mesmo, maiúsculas, é claro.