Bangu Atlético Clube: sua história e suas glórias
Apresentação

Apresentação

Na história do Bangu, quando falamos de grandes craques, qualquer torcedor, de qualquer time, sabe recitar de cor alguns nomes inesquecíveis: Domingos da Guia, Arturzinho, Marinho, Paulo Borges, Zizinho, Jorge Mendonça, Moisés, etc.

Desses jogadores que marcaram época, muito já se escreveu, a imprensa já os idolatrou e suas vidas estão guardadas para a posteridade.

Mas pouca gente se lembra dos jogadores alvirrubros que não alcançaram a glória, não ganharam status de craques, mas que, igualmente, tiveram a honra de vestir a camisa vermelha e branca. Mais que isso, os atletas dos primórdios da história, por não ter quem os viu jogar, ficaram praticamente esquecidos em fotos amareladas.

Contando um por um são mais de 1.700 atletas. Entre eles, há todo o tipo de jogador: das contratações milionárias aos garotos que chegavam a Moça Bonita com a esperança de se tornarem grandes nomes do futebol. Até 1932, é bom ressaltar, todos eram estritamente amadores. A partir de 1933, acontece a profissionalização, embora no Bangu, muitos ainda dividissem a vida: trabalhavam na fábrica e ganhavam um “extra” atuando pelo time do bairro.

Entre milhares de pequenas biografias, inúmeros nomes, várias estatísticas, seria fácil esquecer alguns, mas se assim fosse, o trabalho não seria completo. Por isso, o leitor vai achar aqui os detalhes da vida esportiva dos nossos maiores ídolos, mas também de jogadores desconhecidos, como o goleiro Hilário, o zagueiro Pé de Ouro, o meia Leleco e o atacante Chiquinho.

O trabalho não está completo. Há alguns dados que eu não consegui descobrir. Afinal, alguém sabe dizer qual o nome completo do atacante apelidado de “Mulatinho”, que jogou em 1936? Parentes dos jogadores ou até mesmo os próprios atletas podem e devem ajudar nessa missão, para que o banco de dados fique cada vez mais completo.

Além da simples biografia, em alguns casos, resolvi esmiuçar a vida dos nossos craques. Jogadores que brilharam, atletas que deram exemplo de raça, de abnegação pelo clube, ganham – além da fotografia – um espaço maior neste livro, dando enfoque, muitas vezes, à trajetória pessoal.

O título “O Livro dos Craques” parece portentoso demais. Quando disse ao zagueiro Carlos Renan que ele estaria neste rol, o próprio jogador se assustou... “não sei se sou craque” – disse. É sim! Jogou no Bangu, passa a ser craque!

Alimentados por este desejo de ser realmente craques, muitos jovens vestiram o uniforme. Lembro-me do volante Beto, jovenzinho, morando no próprio estádio. O pai veio trazê-lo ao Bangu. Queria que ele morasse ali, vivesse ali, jogasse pelo clube. Qualquer alojamento era melhor do que a incerteza da violência que o cercava em uma favela de Santa Cruz. Beto nunca foi uma “figurinha carimbada”, mas também não fez feio, ajudando, inclusive, na campanha do título de 2008.

O garoto que fugia da miséria e da violência, encontrou no Bangu uma moradia, conseguiu se profissionalizar e, enfim, faz parte deste grande universo de histórias humanas. Algumas delas alegres, como a trajetória de sucesso que envolveu Ademir da Guia; outras com dramas, como a do lateral Márcio Nunes, que teve que encerrar a carreira por conta de uma lesão irreparável no joelho.

Cada capítulo é uma letra do alfabeto, aberto por um grande craque, eleito por voto dos internautas que, semanalmente, tinham a difícil missão de decidir se um Arturzinho merecia este destaque, em detrimento de um Aladim, tão genial quanto.

Desta forma, tenho certeza de estar apresentando o arquivo mais detalhado dentre todos os clubes do mundo.

Depois de “Nós é que somos banguenses”, do “Almanaque do Bangu”, a trilogia está completa com “O Livro dos Craques”. Isso, se não inventar outra pesquisa para enaltecer ainda mais a história desse clube.

Carlos Molinari